Os Bastidores do Resgate da Tigresa Yamma.
07/01/2010

Foto por Matheus Croco

Sexta-feira, dia 18/12/2009, recebemos diversos e-mails relatando a terrível situação de uma tigresa aprisionada em um circo, na cidade de Teresina/PI. Juntamente com este relato, havia também um desesperado pedido de socorro. Sendo final de semana, tivemos que aguardar até a segunda-feira, dia 20/12/2009, para obter confirmação deste relato junto ao IBAMA/PI. Assim foi feito. A partir daí, teve início uma verdadeira maratona em busca de precisas informações.

Ligamos para o IBAMA do Piauí solicitando informações sobre a tigresa. Parecia que estávamos falando outra língua, pois ninguém entendia o que estávamos perguntando e pediam para ligar para outros ramais. Assim foi feito.

Fizemos dezenas de ligações, ficamos ao telefone das 10 às 13hs ininterruptamente. A cada novo ramal, a cada novo atendente, o mesmo espanto. Não tinham idéia do que falávamos. Em certo momento, a ligação caiu no ramal do Sr. Edmilson, chefe da fiscalização e, finalmente, ele esboçou algum interesse no que estávamos falando e deu a entender que entendeu o que queríamos. Relatou que tinha ido ao circo Americano “fiscalizar” a situação da tigresa, que era visível os cuidados que esse animal necessitava, mas que não iria apreender o animal. Alegou que os donos do circo estavam dispostos a entregá-la, mas que no Estado do Piauí não tinha local para abrigá-la e que o IBAMA não tinha como assumir nenhum custo.

Após ouvirmos esse relato, ficou claro que o IBAMA/PI não tinha nenhum conhecimento e experiência em situação envolvendo circo com animais. Imediatamente informamos que essa “negociação” envolvendo uma suposta “doação” do animal, não aconteceria sem problemas. Insistimos para que apreendessem o animal ou que pelo menos mantivessem seguranças/policiamento para garantir a integridade do animal e para que o circo não fugisse.

Edmilson e o veterinário Lacerda afirmaram categoricamente não ser necessária tanta mobilização em torno desse caso e, além disso, que tinham o número do celular do dono do circo. Com muito respeito, não pudemos conter o riso. Só rindo mesmo ao ouvir tamanha piada; confiar em circos que violentam, exploram e abusam de animais é mesmo muito ingenuidade.

A última ligação do dia foi para o superintendente do IBAMA/PI, Sr. Romildo Mafra. Fomos atendidos pela secretária que informou a ausência do diretor e, após ouvir nosso relato de alguns minutos, ficou em absoluto silêncio e exclamou um sonoro "ACUMA?????". Nesse momento fomos tomados por desespero, não podíamos acreditar que a secretária do superintendente também não sabia de nada. Totalmente descrentes, deixamos recado para o superintendente nos retornar ao chegar.

Após essa dura maratona, conseguimos confirmar os e-mails recebidos. Em seguida, recebemos um e-mail seguido da ligação telefônica da Sra. Roseli Pizzigatti Klein, presidente da ONG APIPA (http://www.apipa10.org), confirmando, de fato, a existência desse famigerado circo, onde uma tigresa era mantida em cárcere. Com o contato e respalda da ONG APIPA, ficamos mais confiantes e seguros.

Com a primeira etapa vencida, partimos para a segunda e mais difícil etapa: a busca por um patrocinador que viabilizasse esse resgate. Mais uma vez, os poucos, fiéis e verdadeiros amigos dos animais deram o apoio para a concretização de mais este resgate. Foram eles: Sra. Claudia Rimini, Sra. Nina Rosa Jacob e a Farmácia de Manipulação "O Alquimista" (http://www.oalquimista.com.br), que providenciou todos os florais e homeopatia necessários.

Chegando na terceira etapa, correria geral na sede do Rancho:

- Reserva de passagens;

- Contrato de caminhão guincho plataforma;

- Construção de carreta de transporte;

- Compras de bomba burificadora de água, feno, óleos essenciais de citronela e cravo, vassoura, saco de lixo;

- Preparação de maleta da veterinária Kelli contendo medicamentos alopáticos, anestésicos e zarabatana;

- Preparação de maleta da bióloga Andréa contendo máquina de radiestesia, homeopatia, florais, incensos, pêndulos, cristais e muitos Gnomos.

O natal se aproximava e não estávamos conseguindo passagens aéreas, pois ir para o Piauí naquela data, significava pegar a rota turística e em plena alta temporada. As companhias áreas estavam com os vôos esgotados e tivemos que aguardar o "ok" da agência de viagens.

Enquanto esperávamos as passagens, fomos acertando todos os pormenores. O pessoal da ONG APIPA (www.apipa10.org) fazia contato quase que diariamente, sempre nos mantendo informados da situação da tigresa. Tiveram a gentileza de reservar hospedagem para toda a nossa equipe (veterinária Kelli, bióloga Andréa, Major e veterinário Carlos Sobrinho, biólogo e cinegrafista Matheus Croco, Vanessa, Silvia e Marcos).

Conhecendo profundamente situações envolvendo circo com animais, convidamos o Major e veterinário Carlos Sobrinho, do 2º Grupamento do Exército, para integrar a equipe. Com muita ansiedade, aguardávamos dia-a-dia o contato da agência de viagens.

Chegou o Natal e, em meio a calma e a paz do Rancho (e após nossa meditação), ligamos para cumprimentar o nosso querido amigo, Dr. Eduardo Jorge, Secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Sabedor de nossa ida ao Piauí, fez contato com a vereadora do PV de Teresina, Dra. Teresa Britto, para que ela nos recebesse e apoiasse esse resgate.

Finalmente, em 28/12/2009, Maria Helena, da agência de viagens, fez contato informando que nosso vôo sairia em 07/01/10, do aeroporto Viracopos, em Campinas/SP. Foi um alívio para toda a equipe, pois finalmente o dia de resgatar a Yamma estava se aproximando. Então, era hora de providenciarmos os últimos detalhes.

No dia 04/01/2010, o motorista Cláudio veio ao Rancho para que a carreta de transporte fosse colocada em cima do caminhão. A equipe do Rancho fez os ajustes e Cláudio pegou a estrada, rumo ao Piauí.

No dia da viagem, houve muito corre-corre no Rancho. A poucas horas do embarque, recebemos um telefonema do IBAMA/PI, informando que o circo havia fugido do local que estava acampado.

Eu, Sílvia, entrei em pânico, não podia acreditar no que estava ouvindo, mas a notícia era real. Muito nervosa, cheguei a alterar-me com o representante do IBAMA. Após todos os dias de intensos trabalhos, onde tudo foi pensado, articulado e preparado, não podia acreditar no que estava ouvindo. O caminhão já chegando à Teresina/PI, nossa equipe quase embarcando e toda a nossa experiência envolvendo o circo indo por água abaixo... foi esta a sensação que tive. Desde o 1º contato oficial com o IBAMA, sugerimos que fossem mantidos policiais junto ao animal, mas ignoraram nossa sugestão. Alertamos que o circo poderia fugir, não nos deram ouvidos e o óbvio aconteceu.

Desta vez, exigimos que a polícia e a imprensa fossem avisados. A Polícia Rodoviária Federal cercou todas as divisas do Estado do Piauí e a mídia começou a divulgar o fato.

Mesmo muito nervosos, demos continuidade a operação de resgate e, como de costume, lanchamos, meditamos, e a van indicada por Querubim (http://www.taxisaofrancisco.com.br) nos aguardava. Neste momento, um telefonema do IBAMA/PI nos encheu de alegria e alívio: finalmente o circo havia sido localizado.

Embarcamos às 19:30hs, em uma viagem cansativa com conexão em Brasília e Fortaleza. Pousamos em Teresina/PI às 02:30hs da madrugada.

A turma da ONG APIPA, vereadora Teresa Britto e o seu filho Leonardo, nos aguardavam.
 

Todos muito simpáticos e solícitos, nos levaram para lanchar e em seguida para o hotel.

Chegamos ao hotel às 04:30hs da manhã. Só dava tempo para um rápido descanso, pois às 06:30hs, Teresa Britto iria ao hotel apanhar a veterinária Kelly e a bióloga Andréa para participarem ao vivo do programa de TV “Notícias da Manhã”. De volta ao hotel, Kelly e Andréa puderam descansar.

Por volta das 11:00hs, as TVs Record e SBT nos aguardavam no hall do hotel para um bate papo. Todos estavam admirados em constatar que uma ONG de SP foi até o Piauí resgatar um animal necessitado. Após entrevistas e um suquinho, saímos rumo ao local onde o circo foi interditado.

Logo na nossa saída, toca o meu celular. Era o Sr. Romildo Mafra, superintendente do IBAMA que, até aquele momento, não havia retornado o meu telefonema feito há 19 dias (onde sua secretária me falou "acuma???"!!!). Estava todo pomposo, oferecendo carros oficiais do IBAMA para nos servir e, claro, sorridente dando muitas entrevistas.
 

Antes de chegarmos ao local onde o circo estava, arrumamos a carreta para que Yamma se acomodasse confortavelmente.

Chegamos ao local e o caos estava instalado: uma multidão de curiosos, policiais, imprensa e o pessoal do circo se aglomeravam no local. Mas, no meio desse caos, nosso grande objetivo era a tigresa Yamma, absurdamente magra e ofegante, deprimida, cega do olho esquerdo, olho direito ulcerado, apática a tudo em sua volta em uma jaula minúscula, enferrujada, suja e fétida, sem água, com a temperatura chegando aos 40 graus.
 


Imediatamente entramos em ação. Cada um da equipe assumiu o seu posto e Marcos solicitou à tenente do pelotão que isolasse a área. Nesse momento, o major Carlos Sobrinho coordenou o isolamento da área, com muita disciplina e austeridade.

 

O procedimento de resgate começou por volta das 13:00hs e, para nossa alegria e orgulho, tudo saiu como o planejado.

Por volta das 14:30hs, o Major Sobrinho serrou o cadeado enferrujado que mantinha Yamma presa e, nesse momento, a carreta do Rancho foi posicionada. Marcos abriu a porta e imediatamente a tigresa Yamma deixa a nojenta jaula a que foi obrigada a viver por anos e, mesmo com muita dificuldade na visão, entrou tranquilamente na carreta de transporte preparada para ela com muito carinho, forrada com feno e com delicioso aroma de citronela e cravo. Nesse momento, fomos tomados por uma sensação indescritível, sentimos que tudo valeu a pena e que o nosso objetivo fora concluído.

Não foi necessário fazer uso de nenhum medicamento alopático, toda a operação foi norteada apenas com uso da medicina vibracional, para surpresa de todos os presentes. A mídia que acompanhou ao vivo e atenta a tudo, qualificou a operação como “resgate energético”, e o termo de “anestesia energética” foi usado em todos os noticiários referentes a tigresa Yamma.

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 Levamos o caminhão com a Yamma para a sede do IBAMA, para que fosse alimentada e banhada com segurança. Era nítido o seu estado de alívio e alegria. Demos um longo banho, seu calor foi amenizado e ela começou a rolar e a ronronar, como um gatinho feliz.

Finalmente, após anos em cárcere privado, sendo violentada, mutilada, explorada e subjugada, Yamma teria uma chance. Era visível o seu estado de bem-estar.

Enquanto Yamma descansava, fomos gentilmente convidados para almoçar na casa de Teresa Britto, que teve a preocupação de elaborar um cardápio vegetariano em respeito a nossa equipe. Após um almoço nutritivo e delicioso, descansamos em seu terraço arborizado e fresco.

Era hora de voltarmos para o hotel, arrumarmos as malas e irmos para o aeroporto, pois o embarque seria às 03:00hs da manhã.

Kelly, Andréa e Cláudio sairiam de viagem no caminhão junto a Yamma às 05:00hs da manhã.

Tudo ocorreu bem, chegamos ao aeroporto de Cumbica/Guarulhos às 11:00hs da manhã, e o pessoal da empresa de taxi "São Francisco" já nos aguardava.

Com muito cansaço, mas totalmente aliviados, chegamos ao Rancho por volta das 13:00hs.

Toda a equipe, biólogos Daniel e Patrícia, diretor juvenil Wilton, meus pais, Nelson e Jandyra, secretária Cleide e todos os funcionários que ficaram responsáveis por manter o Rancho dos Gnomos funcionando em ordem, estavam presentes. Estavam todos de parabéns, pois desenvolveram as suas funções com muita responsabilidade.

Após um delicioso almoço vegetariano preparado pela nossa dedicada cozinheira Eliana, fomos descansar um pouco para restabelecer as forças e dar início aos preparativos para a chegada do mais novo membro da família Rancho dos Gnomos.

PS: o nome Yamma foi carinhosamente escolhido em homenagem à nossa amiga, Dra. Yamma Yamura, doce e adorável senhora, esposa do Dr. Eduardo Jorge.

Vejam a prévia do vídeo do resgate da tigresa Yamma. Em breve estará disponível em nossa série de programas "Um Lugar Chamado Rancho dos Gnomos".

 

Em 12/03/2010, o Rancho dos Gnomos resgatou um cachorro bem velhinho que estava abandonado e imóvel no meio de uma estrada. Sua expressão de tristeza e dor causados pelo abandono eram evidentes. Hoje ele está se recuperando e a equipe do Rancho dos Gnomos está fazendo de tudo para que ele volte a sorrir. Seu nome é Bongo.

 

Em 27/04/2010, o Rancho dos Gnomos recebeu várias solicitações por e-mail e por telefone para resgatar um veado catingueiro fêmea, em Caucaia do Alto/Cotia-SP. Esta solicitação chegou por volta das 14h00s e, imediatamente, Marcos fez contato com os solicitantes para verificar a situação. Foi informado que desde às 07h00s, estavam em busca de ajuda para este animal. Solicitaram ajuda na Prefeitura Municipal de Cotia, Polícia Militar, IBAMA e não foram atendidos.

Chegamos ao local indicado por volta das 16h00s e nos deparamos com uma lamentável situação: um veado catingueiro em estado de choque. As pessoas no local estavam indignadas e desacreditadas com tamanho descaso dos órgãos públicos oficiais. A Sra. Ernestina Pereira Ribeiro (Tina), relatou que este animal saiu da mata em disparada e se chocou violentamente contra uma tela de alambrado e, após este choque, ele caiu e não mais levantou.

Todos os presentes fizeram o melhor que puderam. Com muito cuidado, colocaram o animal em um canil desativado e começaram desesperadamente a busca por ajuda.

Desde o dia deste resgate, Salomé, como foi batizada, embora continue imóvel, apresenta alguns sinais de melhora. Mexe o pescoço e se alimenta muito bem.

Salomé está amparada por uma carinhosa equipe que mantém todos os cuidados necessários 24hs por dia.

Desejamos profundamente que Salomé se recupere deste triste episódio.

Em 09/06/2010, a doce Jaqueline, finalmente, foi resgatada por Marcos, Silvia e Kelli.

Após várias denúncias, durante oito anos sem resultado positivo, chega ao Rancho dos Gnomos este pedido de socorro.

Jaqueline viveu com muito amor e carinho ao lado de sua tutora, Sra. Josefina, que após sua morte, deixou Jaqueline aos cuidados de um amigo da família.

Segundo o relato, Jaqueline que era tratada como um membro da família, uma filha. Mas, depois da morte da tutora, foi desprezada e negligenciada, passando a viver em um quintal sujo, sem sol e sem visão de nada devido aos muros que a cercavam.

Na mesma semana que esta denúncia chegou ao Rancho dos Gnomos, foram mobilizados os órgãos oficiais (Delegacia de Polícia, Polícia Militar e Ministério Público), além do empenho do Deputado Estadual Feliciano Filho, que resultou no sucesso deste resgate.

Em 21/06/2010, o Rancho dos Gnomos foi solicitado para resgatar um filhote de gato-do-mato que estava em uma clínica veterinária. Acompanhados da Polícia Militar, Marcos e Silvia foram até o local e constataram que este filhote fora vítima do tráfico de animais silvestres.

Em 29/06/2010, por volta das 00h30s, Marcos e Silvia resgataram um cachorrinho que estava no meio fio na Rodovia Raposo Tavares. Muito assustado, ele se arrastava e chorava muito.

Na manhã do mesmo dia, foi encaminhado para a clínica "Salvador Fellis", onde foi radiografado e constatado uma grave fratura. Após este diagnóstico, foi encaminhado para a clínica do Dr. Philippe Giacobini (http://www.giacobini.com.br (11) 4704 3143 / 4781 1393), na Cidade de Embu/SP, que imobilizou a sua pata na tentativa de formar um calo ósseo, caso contrário, a única opção seria a amputação. Infelizmente, a sua pata precisou ser amputada, porém ele está se adaptando com muita rapidez em sua nova etapa de vida, agora com mais atenção de toda a equipe Rancho. Ele foi batizado de Raposo!