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Artigo 225, CF:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

 

Galos utilizados em rinhas levados ao Rancho dos Gnomos

 

Lesões no galos (seqüelas de rinhas)   Galo sendo tratado

 

por Patrícia Nikitin Marcondes

bióloga (CRBio 39786/01-P)

 

Apreendidos pela “Delegacia de Investigação sobre Crimes contra o Meio Ambiente”, 109 galos que eram utilizados em rinhas foram encaminhados ao Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, por volta das 22h30, no dia 22 de novembro de 2004.

 

Estes galos foram sendo “descarregados” do caminhão, em seus “apartamentos”, que são verdadeiras caixas de madeira, com apenas um quadrado na porta por onde os galos podem ver o que acontece no seu exterior. Só a operação de acomodá-los no Rancho dos Gnomos perdurou até altas horas da madrugada.

 

No dia seguinte, é que se pode observar as atrocidades que eram cometidas com estes animais. Todos estavam em situação de estresse e famintos. Quando pessoas tinham de passar por eles, certamente eram bicadas, e com muita força!

 

Suas coxas apresentavam estado febril, quentes e muito vermelhas pois as penas que deveriam estar cobrindo esta região foram arrancadas e depois sua pele perfurada com agulhas para que se injetassem anabolizantes, fazendo com que elas fiquem cerca de três vezes maiores que o normal.

 

Alguns ainda não conseguiam parar em pé, porque seus dedos foram quebrados, as esporas mutiladas para que se colocasse no local esporas de metal, pois assim as rinhas ficam mais sangrentas e o galo adversário mais machucado.

 

Muitos galos, que provavelmente tinham sido colocados na arena para combate a pouquíssimo tempo estavam com hematomas por todo o corpo. Tinham olhos perfurados devido as biqueiras de metal que são colocadas no adversário. As cristas da grande maioria deles são deformadas pelos tantos combates que este animal tinha passado. Outros galos ainda com problemas neurológicos, infecções generalizados e tecidos necrosados (mortos) por todo o corpo, principalmente na região do bico.

 

Estes animais são treinados, condicionados a brigar, a lutar até a morte. Para um estímulo mais eficaz, é passado em seus olhos e anus um líquido de odor muito forte, de origem desconhecida (diversas análises foram feitas mas não chegou a nenhuma conclusão), que estimula ainda mais a briga de galos.

 

No exame de necropsia feito pelo residente da Universidade Santo Amaro, patologista Dr. Caio, constatou-se muitos danos neurológicos, inúmeros órgãos com acúmulo de sangue em seu interior, o que chamamos de hemorragia interna, além de pele necrosada e com diversas perfurações.

 

Os cuidados diários com os mais graves consistiam desde a aplicação de medicamentos até mesmo alimentar muitos com papinhas diretamente no bico, pois não tinham força para isso. Alguns destes galos, infelizmente não sobreviveram.

 

Por não terem chegado em gaiolas específicas ou nas caixas tipo apartamento, 40 galos foram soltos no dia seguinte, 23/11, de uma só vez, pois estavam encapuzados e com as pernas amarradas. O grande problema disso tudo é que como estavam programados a brigar, e a equipe inteira do Rancho dos Gnomos foi mobilizada para separar as brigas constantes que estavam acontecendo durante o dia todo e por mais alguns que se seguiram. Muitos de nossos voluntários ficaram machucados e extremamente abalados com aquela situação que perdurava até mesmo pela madrugada. Com a devida insistência, estes galos foram sendo desprogramados, até que não haja mais nenhuma briga. Depois de estabilizado estes quarenta primeiros galos, estamos soltando um galo por dia, no intuito de não ocorrerem mais brigas.

 

O que estas pequenas aves fizeram para tal crueldade? Na verdade o que deve ser perguntado aqui é por que o ser humano faz tanta atrocidade com os animais? Por que se divertir, apostar muito dinheiro em um jogo de vida ou morte com seres que não podem escolher se querem ou não brigar, eles apenas estão fazendo o que foram condicionados a fazer. Com a arena montada, eles repetem exatamente aquilo que foi ensinado pelo terrível ser humano, lutar até a morte, deixar muito sangue com as esporas que lhe foram colocadas, com tanta dor e sofrimento pela perda das suas naturais. Até quando o ser humano tem que se divertir as custas de um animal?

 

Um “detalhe” deve ser levado em conta, as ameaças que o Rancho dos Gnomos passou por receberem estas aves. Como estes galos brigam por dinheiro ao seu proprietário, os chamados “campeões” valem muito dinheiro. Adivinha o que aconteceu? Pessoas cruéis tentaram invadir o Rancho dos Gnomos, sondaram a vizinhança, vigiaram os passos de quem trabalha no local no intuito de resgatar os animais. Além de todos os problemas que o Rancho dos Gnomos passa, além de ter de socorrer todas as vítimas de maus tratos, passamos por pressões e ameaças de pessoas que querem apenas dinheiro, diversão e não se importam com as vítimas disso tudo. O alívio de quem trabalha no local é saber que pode contar com pessoas de bem como a Polícia Militar e a Guarda Civil de Cotia que nos atende prontamente a cada chamado. Sabem que não foram apenas os galos que sofreram riscos de vida, que pessoas de bem, que amam os animais também podem ser agredidas, física ou moralmente por esta situação.  

 

Rinheiro Abordado  (no portão do Rancho, acionamos a GCM-Cotia que em menos de 3 minutos, chegaram 3 viaturas e abordaram o veículo)   Rinheiro Delpol-Cotia  (elaboração do B.O, apreensão do transporte de galo usado para rinha, com o nome de FILIPE, que é o sobrenome de um dos envolvidos)

 

Mesmo com todas as dificuldades, é extremamente gratificante este nosso trabalho de salvar vidas!

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