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Sobre a ASERG
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Garras de Veludo Por
Sandro Secutti (Biólogo)
Colaboradora:
Cláudia Araujo de Oliveira (Médica
Veterinária) Quando nos
referimos aos felinos que vivem no Rancho dos Gnomos, provavelmente oss
primeiros que lhe vêm à cabeça talvez sejam os leões e em seguida os
diversos gatos, mas o grande personagem desse mês foi o Bengalinha em sua
nova casa. O Tigre-de-Bengala que chegou com oito meses de idade
esta há três anos no Santuário, e como o tigrão cresceu, chegou a hora
de colocá-lo em um recinto amplo que atenda melhor as suas necessidades.
Muitos pensam que pelo fato dos leões terem a fama de “o rei dos
animais” estes são os maiores, mas na verdade o maior felino do mundo
é o tigre, sendo o maior deles o Tigre-siberiano (Panthera tigris
altaica), habitando o extremo leste da Ásia, na fronteira entre a
Rússia e o nordeste da China.
Bengalinha é um tigre originário de outra população (Panthera
tigris tigris), a qual habita ou habitava praticamente todo o
continente Indiano, mesmo assim seu tamanho é respeitável. Segundo as
medições feitas no dia de sua transferência de recinto, constatamos um
comprimento total da ponta do focinho até até a raiz da cauda 1,80 m,
medindo a altura de 88 cm e pesando mais de ... Bem é verdade que o pessoal que
carregou a fera vai dizer que pesava muito mais, mas também eles não
eram tão fortes assim. Brincadeiras à parte, estão de parabéns todos
que ajudaram a carregá-lo até a caminhonete, mas segundo o consenso da
equipe técnica, seu peso é de aproximadamente de 220 kg. Seu dente
canino da mandíbula superior mediu 6 cm de comprimento. De acordo com
estes e outros parâmetros de medida, Bengalinha atingiu sua plenitude
corpórea tornando-se um macho adulto. Na natureza permanecem juntos com a
mãe até os 2 ou 3 anos de idade, quando estão aptos a sua independência
como adultos, prontos para ganhar e dominar seus próprios territórios,
dos quais podem chegar de 60 a 80 quilômetros quadrados para tigres
indianos.
Segundo a médica veterinária Cláudia Araujo de Oliveira a
transferência de recinto foi feita com sucesso, o animal reagiu bem à
sedação, não havendo nenhuma complicação durante todo o período do
procedimento. Depois de transferido, Bengalinha foi submetido ao exame clínico,
coleta de sangue e biometria. O tigre se mostrou em ótimo estado de saúde.
Na natureza o tigre é um caçador solitário, especializando-se em
certos tipos de presa, como búfalos, antílopes e cervos, pois para obter
sucesso no ataque, requer grande experiência, ou seja, várias tentativas
e erros até que consiga realizar uma captura bem sucedida. Dessa forma
tornando-se um caçador especializado e com certa predileção por
determinado tipo de presa, o que faz do tigre altamente dependente do
sistema ecológico da região. Mas além de experiência de vida, esses
grandes gatos contam com sua pelagem para obter sua refeição, pois suas
listras verticais disfarçam-no entre as folhagens e sombras das árvores
e arbustos de densas florestas onde vivem. Veja abaixo o esquema de
camuflagem do tigre e seu efeito visual na natureza. As listras verticais
disfarçam diante da sombra e vegetação, caso fossem as listras na
horizontal, o efeito seria oposto.
Apesar de possuírem um comportamento solitário e adotarem um
grande território como seu domínio, acabam lutando com outros machos de
territórios vizinhos que eventualmente tentam expandir seus domínios de
caça ou disputar por fêmeas no cio que transitem entre as fronteiras, o
que é comum. As fêmeas entram em período de cio a cada dois meses, e quando grávida seu período de gestação
varia em média de 100 a 112
dias, gerando ninhadas de 2 a 4 filhotes a cada 2 ou 3 anos, sempre com a
presença do macho, e após o parto separam-se. Os filhotes nascem pesando não
mais de 1 Kg e medindo 30 cm, desmamando por volta do sexto mês. Vivem em
média de 15 a 20 anos, sendo que os machos em geral vivem menos que as fêmeas,
isso se deve muito provavelmente pelo fato de disputas territoriais,
quanto maior a área, mais fêmeas e alimento, porém maior o número de
conflitos com outros machos adultos.
Diferentemente da natureza, no Santuário Rancho dos Gnomos o tigre
terá obviamente seu tempo de vida prolongado, uma vez que as pressões
seletivas dos fatores ecológicos não estão atuando. Bengalinha é
alimentado diariamente, duas
vezes ao dia e agora em sua nova casa, terá espaço para andar e correr
à vontade, gastando as energias, em uma área verde de aproximadamente 400
m2, toda ambientada com troncos, gruta e vegetação, tudo de
acordo com suas necessidades, além de um tanque d’ água de 6.000
litros para se banhar. Pois é, quem disse que gato não gosta de água,
tanto os tigres como muitos outros felinos selvagens no mundo também
gostam de água, não só nos dias mais quentes, mas também quando acabam
de comer, pois a digestão da carne acaba gerando muito calor, e há
também aqueles que gostam de capturam seu peixe fresco.
No dia seguinte
Durante a noite o tigre permaneceu todo o tempo deitado, mas já
atento e dando sinais de rápida recuperação pós-anestesia e ainda um
pouco atordoado, observava tudo ao seu redor. Assim que amanheceu,
Bengalinha estava de pé e andando normalmente sem cambalear. Quando
finalmente por volta da 1 hora da tarde do dia 09/05/2004 chega mais um
grande momento esperado pela equipe do Santuário Rancho dos Gnomos e por
todos aqueles que colaboraram diretamente ou indiretamente. O cambeamento
é aberto e como que um gato colocado em um ambiente estranho, o tigre
começa a andar cautelosamente e cheirando a cada passo dado, encontrando
a sua frente a primeira planta de tantas outras, não teve dúvida, abraçou
a pequena palmeira e deitado deu boas mordiscadas nas pontas das folhas,
em seguida fez o mesmo em uma toceira de erva cidreira. Andando mais para
dentro do recinto, espreguiçou e gastou a garras na grama, como que um
gato doméstico faria no canto do sofá ou no tapete, dirigiu-se para a
parte alta do recinto e desgastou a casca de um troco não muito grosso,
pois os tigres possuem em suas patas glândulas odoríferas, cuja secreção
de cheiro forte tem a função de marcar seu território, ou mesmo quando
caminham na terra. Ficamos em êxtase quando reconhecendo seu tanque
molhou suas duas patas anteriores e deu boas goladas de água fresca.
Status da espécie
No passado os tigres distribuíam-se por todo o norte da Ásia,
alguns habitavam também as cordilheiras da Ásia central e as densas
florestas úmidas do sul. Ao longo dos anos as gerações de tigres
espalhadas pela Ásia foram se isolando e diversificando em várias
subespécies com características distintas. Atualmente existem cinco
subespécies vivas, sendo que três foram recentemente
extintas pelo homem. Duas destas subespécies ainda vivas, estão
na lista internacional de animais ameaçados de extinção da IUCN (Red
List Threatened Species), classificados na categoria de “Criticamente em
perigo”, são estas a população do sul da China com aproximadamente 20
– 30 indivíduos e a população da Sibéria e nordeste da China com 162
– 230 indivíduos. No entanto estes sensos foram publicados no ano de
1996, o que de acordo com o crescente desmatamento, caça e crescimento
urbano desordenado, suponhamos que seja ainda menores estes números. No
caso do Tigre-de-Bengala que corresponde à população da Índia, a
estimativa para o mesmo ano foi de 3.030 – 4.735 indivíduos,
classificado-os na categoria de ameaça como “Em perigo”.
Levando-se em conta a antiga área de distribuição e mesmo as áreas ainda florestadas, o número de animais é reduzido. Somando-se todas as cinco subespécies ainda existentes, estimou-se para o ano de 1996 um total de 4.800 – 7.300 tigres em todo o mundo, hoje estima-se em 5 mil. | ||
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