Revista
Ambiente Urbano - Ano 2 - nº20 - Outubro
de 2007
Escrito por Fernanda Correia
Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos
proporciona uma segunda chance aos
animais abandonados e vítimas de
maus-tratos.
Leões,
tigres, araras, macacos e outros animais
vítimas do tráfico e de maus-tratos
poderiam ter um final não tão feliz, não
fosse o trabalho realizado pelo
Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos,
localizado em Cotia, na Grande São
Paulo. No local, os animais que passaram
por situações de extrema crueldade em
circos, rinhas (como é o caso dos galos
utilizados para essa diversão criminosa)
ou simplesmente abandono, ganham abrigo
e condições para uma vida tranqüila.
"Nós recebemos todos os animais que
precisam de ajuda.
O
grande foco são os animais de circo, em
especial os grandes felinos, mas todos
os animais que necessitam são
recolhidos" explica Marcos Pompeu que,
junto com sua esposa Silvia Pompeu,
fundou o Rancho dos Gnomos. Algumas
espécies da fauna que sofreram o impacto
das construções do Rodoanel (trecho
Oeste), por terem seu habitat natural
desmatado, também encontraram abrigo no
Santuário que, atualmente, conta com
cerca de seiscentos animais.
Os
animais que chegam ao Rancho dos Gnomos
geralmente estão com a saúde fragilizada
pelo fato de, muitas vezes, terem
passado vários dias presos em jaulas
abandonadas no meio do mato (no caso dos
leões) sem as mínimas concondições de
vida. Além disso, há os que passaram a
vida toda sem ter contato com a terra,
com a água ou presos em gaiolas
apertadas. Se pudessem expressar-se por
meio das palavras, certamente cada
animal que hoje se encontra no Santuário
teria uma triste e sofrida história para
contar. A leoa Harama é um exemplo
disso.
Quando
ainda vivia em Rondônia, ela era
utilizada como objeto de pesquisa por um
grupo de estudantes de veterinária e,
toda semana, recebia doses de
anestésicos para a prática. Um dia,
decidiram que ela não serviria mais para
os estudos e concluíram que ela deveria
ser sacrificada. Sensibilizada com o
destino da leoa, uma veterinária do
grupo decidiu pedir ajuda ao Rancho dos
Gnomos que deu abrigo a Harama, além de
todas as condições para uma vida
tranqüila.
Cuidados
Quando chegam ao Rancho dos Gnomos, os
animais imediatamente recebem os
tratamentos necessários para a sua
recuperação e ganham um novo nome que,
além de simbolizar o início de uma nova
vida, é uma forma de ele não se
identificar mais com as experiências do
passado.
Todos recebem alimentação adequada e
medicamentos, estes ministrados apenas
em casos de extrema necessidade, porque
a preferência é para as técnicas
alternativas como a homeopatia,
acupuntura, florais, cromoterapia e
musicoterapia. Esses tratamentos
contribuem não só para a saúde física
como também para deixá-los mais calmos e
amáveis.
Até
mesmo para o resgate de animais no local
onde foram abandonados, o Rancho nunca
utiliza técnicas agressivas e nem mesmo
anestésicos. "Chegamos no local e
procuramos mantê-lo o mais tranqüilo
possível, borrifando florais no animal e
no ambiente, para que o resgate não seja
traumático", conta Marcos.
Os
animais também recebem as vacinas
necessárias e são esterilizados (no caso
dos leões, cães e gatos) visando
diminuir a população. O Santuário não
cuida dos animais com o objetivo de
vendê-los ou mesmo reproduzi-los. O
trabalho realizado pela ONG tem o
exclusivo objetivo de zelar pela vida
dos animais que, longe do Rancho, não
teriam as mínimas chances de
sobrevivência. Quando é possível, alguns
até são devolvidos para a natureza, após
a recuperação.
Educação Ambiental
O Rancho dos Gnomos também possui uma
área destinada à educação ambiental. Seu
objetivo é informar, educar e
conscientizar, despertando nos que
visitam o local a consciência sobre o
que pode ser feito para melhorar a vida
das pessoas, dos animais e,
conseqüentemente, de si próprio. “Esse
espaço educativo foi criado visando a
mudança de comportamento”, explica
Marcos. A cabana educacional possui
animais empalhados, em que as crianças
podem tocar e, com isso, ter a noção do
tamanho e de como são cada um deles,
além de gaiolas, caixas e maletas com
compartimentos, utilizadas para o
transporte ilegal de animais, muitas
vezes ameaçados de extinção.
O
Santuário não é aberto para a visitação
pública, no entanto, recebe grupos de
estudantes ou empresas que queiram
conhecer o local e aprender um pouco
mais sobre a vida dos felinos e de
outros animais que vivem no Rancho.
No caso
das escolas, o programa de educação
ambiental é direcionado para crianças
com oito anos ou mais e os grupos podem
ser formados por no máximo 10 pessoas
(nossa
errata: são recebidos grupos de
30 a 50 pessoas). As informações
são transmitidas por meio de palestra
interativa e passeio pelo Santuário,
onde todos tem a chance de conhecer os
animais e suas histórias.
Na
seqüência, as crianças acompanham o
plantio de uma árvore, que recebe o nome
da escola visitante. "Esse trabalho
possibilita que os visitantes
compreendam os problemas ambientais e
também mostra o que cada um de nós
podemos fazer para contribuir para a
preservação da vida, despertando em cada
um o senso de proteção" diz Marcos.
Um pouco de
História
O
Rancho dos Gnomos existe há 16
anos mas é formalmente
constituído desde 2000. Marcos e
Silvia Pompeu transformaram o
sítio da família em um abrigo
para animais abandonados.
Hoje a ONG funciona 24 horas por
dia, sempre pronta para receber
os animais apreendidos.
De
acordo com o Santuário, só no
ano de 2002, foram recebidos
2500 animais encaminhados pela
Polícia Ambiental e pelo Ibama,
representando 12% do total de
apreensões realizadas no Estado
de São Paulo.
E
no ano de 2003, vieram cerca de
2400 animais, que representam
13% das apreensões totais no
Estado.
Uma equipe especializada,
formada por veterinários,
biólogos e outros profissionais
dedica-se diariamente para
garantir o bom funcionamento do
local |
Marcos e Silvia Pompeu: há 16
anos
lutando por melhores condições
de
vida aos animais. |
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Mobilize-se!
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Como ajudar?
Existem duas formas de
contribuir com o trabalho
realizado pelo Rancho dos
Gnomos. Uma delas é o
associativismo, por meio de
contribuições mensais, e a outra
é realizando doações. No site
existem as condições e os
valores para quem quer se tornar
um sócio- contribuinte dessa
ONG.
As
empresas também podem contribuir
além de dinheiro, com materiais
de construção, medicamentos e
alimentos para os animais. Há
também a possibilidade de
patrocinar a construção de
recintos para os animais. Neste
caso, os patrocinadores ganham
uma placa com uma frase e o nome
do doador.
O
Rancho dos Gnomos não é aberto
para a visitação pública.
Somente escolas, universidades
ou empresas podem formar grupos
e agendar uma visita. Para isso,
basta entrar em contato pelo
telefone (11) 4616-2703 ou no
site www.ranchodosgnomos.org.br.
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