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Artigo 225, CF:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

 

Mídia: o interesse para a divulgação dos direitos dos animais continua intenso, 

com matérias de grande repercussão

 

Revista Estilo Natural – 01.10.2007 



mundo melhor

  Refúgio dos bichos

Deixando para trás uma história de maus tratos e abandono, centenas de animais de todas as raças, tamanhos e idades são recebidos no Rancho dos Gnomos com amor, carinho e todo o cuidado necessário

TEXTO: ENY ELISA SOUTO
 

Em meio a muito verde, o rugido dos leões se mistura ao som das araras, macacos, chinchilas, cavalos e bichos-preguiça. Esses e tantos outros animais de diferentes espécies convivem em total harmonia na Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, entidade civil situada em Cotia, São Paulo. Há 16 anos a instituição recebe diversas espécies de bichos domésticos, silvestres e exóticos, vindos de todo o Brasil. Atualmente o rancho abriga cerca de 600 espécimes, sendo 14 leões e 1 tigre-de-bengala. Eles deixaram para trás histórias de maus tratos, abandono, exploração e tráfico e passaram a ter contato direto com a natureza, recebendo todos os cuidados de que necessitam para viver bem. Saiba um pouco mais sobre essa história de amor e respeito e conheça seus idealizadores.

Como tudo começou

Até 16 anos atrás, o casal Marcos e Silvia Pompeu não tinha nenhuma ligação especial com os animais. Ele era funcionário público, ela se dedicava à decoração de ambientes e ambos possuíam uma chácara em Cotia, que mais servia de depósito para antigüidades da família. Após o casamento resolveram reformar o local e utilizá-lo como opção de lazer nos fins de semana. Mas Marcos queria deixar o lugar com jeito de sítio e, para isso, resolveu dar uma cabra de presente à esposa. “Mas o que ela come? Como vou cuidar de uma cabra?”, questionou a mulher. O estranho presente foi o estopim para o empreendimento que viria a seguir: “Aprendi a tratar dela pesquisando sobre o assunto em revistas. Descobri que precisava construir um capril e, para tanto, vendi o carro”, conta.

FOTOS: DIVULGAÇÃO
O casal Marcos e Silvia Pompeu, criadores do Rancho dos Gnomos

E a influência da cabra não pára por aí. Marcos foi comprar ração e a senhora da loja comentou que haveria um congresso sobre bem-estar animal. Foi nessa ocasião que temas como abandono, testes em laboratório, maus tratos e a triste realidade dos animais que trabalham no circo e nos rodeios vieram à tona. “Enlouqueci. ‘Que mundo é esse?’, pensei”, lembra Silvia. Nesse momento eles se deram conta da dura realidade que enfrentariam e sentiram que alguma coisa precisava ser feita. E logo. “O rancho nunca foi um projeto de vida. Simplesmente aconteceu. Nós estamos fazendo nossa parte”, afirma o casal.

A partir desse dia, novos bichos foram surgindo e, em 2000, a associação se constituiu formalmente. Hoje os idealizadores contam com uma equipe de profissionais preparados para lidar com cada um dos 600 moradores. Veterinária, bióloga, tratadores, equipe da manutenção, além de engenheira, artista gráfica e advogados. Juntos e em prol do mesmo ideal: melhorar a condição desses seres tão especiais e conscientizar a sociedade sobre a necessidade de protegê-los. “Esse trabalho é um caminho sem volta. A gente se envolve e não consegue mais abandonar”, desabafa Silvia.

O trabalho do Rancho

Atualmente o Rancho dos Gnomos é uma referência no Brasil, pois é o único lugar que recebe qualquer espécie de animal. Por esse motivo, os pedidos para acolher novos habitantes, feitos somente por órgãos oficiais, como a Polícia Florestal, a Polícia Civil, o Ibama e a Polícia Federal, são constantes. Infelizmente não é possível atender a todos. A entidade sobrevive da mensalidade dos associados e do investimento de algumas empresas parceiras. Porém, o valor que eles recebem não é suficiente para construir locais apropriados para alojar alguns bichos. “Não adianta recebê-los e não ter um ambiente adequado para que eles possam se recuperar e ter um novo lar”, explica Marcos.

Mas quando um novo membro é acolhido pela família, não faltam carinho, amor e respeito. Os mais frágeis, ainda em fase de recuperação, ocupam um espaço na própria casa do casal, com direito a incenso, meia-luz, aquecedor e até música estilo new age. Além disso, todos passam por um tratamento físico e emocional, com apoio da medicina alternativa. Homeopatia, florais de Bach, acupuntura, fitoterapia, musicoterapia e cromoterapia são os recursos utilizados para restabelecer o lado afetivo do bichinho. E a escolha de gnomos para o nome da intituição está ligada a essa crença especial. Para Silvia, duendes e fadas são energias do chamado plano sutil que protegem a natureza. “É uma homenagem a essa força maior que rege a fauna e a flora”, explica ela, que é adepta da filosofia budista. A opção pelo termo “santuário” segue a mesma linha. “É mais do que um abrigo, é um lugar sagrado. A gente trabalha com respeito à vida”, afirma.

Wilton Cézar Reis é uma das crianças que aprenderam no Rancho dos Gnomos a respeitar e cuidar dos animais

Semeando o Bem

Cuidar dos animais é o principal objetivo da associação. A segunda missão é educar a criançada sobre a questão ambiental. Numa cabana com diversos espécimes empalhados, crianças acompanhadas das escolas recebem orientação sobre a violência praticada contra os bichos. Cada um tem um motivo específico para estar na sala. Os leões eram de circo, as corujas foram vítimas do cerol (presente na linha das pipas), os macacos, os passarinhos, a arara e o papagaio são do tráfico de animais e o bicho-preguiça de desmatamento. Em duas horas de palestra, Marcos faz a abertura, Silvia fala sobre a vida na carrocinha e no circo, a bióloga Patrícia Nikitin Marcondes expõe a realidade do tráfico e, por fim, a advogada Renata de Freitas Martins explica sobre a legislação ambiental, o rodeio, a rinha e a indústria da pele. Os estudantes ficam surpresos com as informações, questionam os palestrantes, conscientizam-se e depois têm a oportunidade de ver o animal de perto. “A nossa esperança é diminuir a crueldade, o desmatamento, a queimada e qualquer tipo de agressão ao meio ambiente”, afirma Marcos. E Silvia completa: “Trabalhar com as crianças é gratificante, pois elas têm a mente aberta e assimilam novas idéias rapidamente”, diz.

Foi após participar de uma dessas oficinas que Wilton Cézar Reis, 15 anos, tornou-se um ativista das causas ambientais. Ele optou pela alimentação vegetariana e se tornou diretor mirim do rancho onde, diariamente depois da escola, cuida das chinchilas, recicla o lixo e ainda ensina alguns funcionários, que não tiveram a oportunidade de freqüentar a escola, a ler e escrever.

Além disso é colunista oficial do jornal mensal O Foquinha, distribuído gratuitamente em Cotia e na Granja Viana, que aborda assuntos sobre meio ambiente e cidadania. Assim como Wilton, a estudante Fernanda G. Galuzzi, 9 anos, também colabora com a publicação, é diretora mirim do rancho e ativista ambiental. “Ela distribui panfletos na porta das escolas”, conta Marcos.

O tigre trocou os maus tratos do circo pelo carinho do Rancho

Em busca de voluntários

Além dos pequeninos, o Rancho dos Gnomos também recebAlém recebe adultos. E isso acontece por meio do Ecovolunteer Program, destinado a pessoas do mundo inteiro que tenham interesse em ajudar as organizações que preservam, de alguma forma, o meio ambiente. Dentre os 31 projetos, espalhados pelo Brasil, África, Ásia, América do Sul, América do Norte, Europa e Oceania, o rancho é o único local capaz de abrigar pessoas com deficiência. Silvia e Marcos já receberam voluntários dos Estados Unidos, França, Bélgica e Holanda. Limpeza e construção dos abrigos, preparo da alimentação, recepção e tratamento dos animais e monitoramento das crianças são as principais atividades que executam nas duas semanas que permanecem no rancho.

Voluntárias da instituição colocam o amor à natureza em primeiro lugar Crianças participam de oficinas educativas

Para saber mais:
Acesse: www.ranchodosgnomos.org.br
http://br.ecovoluntarios.org

Fonte: http://estilonatural.uol.com.br/Edicoes/50/artigo65975-1.asp


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