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Sobre a ASERG
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PSITACÍDEOS
Sandro Secutti Biólogo
Cláudia Araujo de Oliveira Médica Veterinária Os psitacídeos são aves fascinantes, admiradas pelo homem por sua plumagem colorida e sua capacidade de imitar sons, além de grande habilidade. Símbolo da energia solar pelos índios e cobiçada por suas penas pelos incas, hoje sofrem nas mãos de colecionadores, que pagam fortunas extraordinárias para que traficantes aventurem-se nas florestas capturando e se esgueirando da fiscalização nas fronteiras. Estamos nos referindo aos psitacídeos, como araras, papagaios e jandaias sendo estes os mais conhecidos e famosos na América do Sul. Ao todo na América, os denominados psitacídeos do Novo Mundo, são reconhecidas 112 espécies, no entanto, estão amplamente distribuídos por todos os continentes, com exceção da Europa.
Na ordem dos psitaciformes
estão agrupados mais de 340 espécies, todas com características em
comum, como a posição dos dedos e o bico curvo e rígido, articulando-se
para cima, enquanto que o bico inferior articula-se para frente, para trás
e para os lados. Considerado a terceira pata dos papagaios e araras,
tornando esta uma das mais engenhosas maravilhas adaptativas da natureza,
nas araras formam poderosas pinças, pois são reforçadas com músculos
possantes bem fixados no crânio, sendo que a maxila está ligada ao crânio
por uma espécie de dobradiça tendinosa, formando uma alavanca capaz de
quebrar as mais resistentes cascas invólucras de sementes. Contam também
com uma grossa língua musculosa e rugosa, coberta por uma epiderme córnea
que a protege das ásperas sementes. No caso das araras é usada para
segurar o alimento enquanto precisa descascar o fruto, apertando-a contra
os maxilares. As araras são os psitacídeos mais conhecidos na América do Sul e estão subdivididos em 3 gêneros e 16 espécies, sendo que destas, atualmente a arara-glauca (Anodorhynchus glaucus) encontra-se extinta, tendo o último exemplar morto em cativeiro no ano de 1936. Além desta, outra espécie de arara que caminha para o mesmo destino se nada for feito é a raríssima ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), vivendo em apenas uma área restrita entre a Bahia o e Piauí, e tendo seu último exemplar desaparecido há pouco menos de três anos na natureza. Possui aproximadamente 70 indivíduos em cativeiro espalhados por todo o mundo, contabilizando Zoológicos e Criadouros particulares, sendo estes últimos um dos principais responsáveis pelo declínio da população na natureza, juntamente com os zoológicos em menor número, pois acreditamos que muitos destes exemplares no exterior não possuem registro algum de saída no Brasil, o que caracterizamos como um dos alimentadores do tráfico de animais no país, oferecendo fortunas, ou melhor “esmolas” para desempregados numa das regiões mais carentes de emprego no país. A grande questão para esse problema em específico é o desaparecimento do ultimo exemplar em vida livre, pois mesmo que obtenhamos o sucesso da reprodução em cativeiro dessa espécie, aumentando a população, todo o conhecimento adquirido e passado ao longo de muitos anos pelas gerações, foi perdido, como por exemplo à procura de alimento dependendo da época do ano, abrigos e reconhecimento de potenciais predadores entre outros. Necessitando agora de um extenso trabalho a longo prazo para um programa de introdução e acompanhamento dos exemplares na natureza, e mesmo assim devemos considerar a perda de alguns indivíduos. Outra arara que também encontra-se em situação de grande perigo é a arara-azul-de-lear ou arara-de-lear (Anodorhynchus leari), atualmente contando com aproximadamente 60 indivíduos na natureza. Dentre as araras a maior espécies é a Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), com um metro de comprimento, vive na Bolívia, Brasil e Paraguai.
No Rancho dos Gnomos vivem três espécies de araras oriundas de
diversas apreensões, são estas a arara-canindé
(Ara ararauna), arara-vermelha-grande (Ara
chloroptera) e arara-vermelha-pequena
ou macau (Ara macao). Sendo no Brasil estas as espécies mais freqüentemente
encontradas pelas autoridades policiais em residências de particulares e
nas mãos dos traficantes. Fiéis
até a morte As araras são monogâmicas, ou seja, não trocam de parceiros ao longo de sua vida reprodutiva, formando casais com vínculos muito firmes, durando vários anos até a morte de uma delas. Quando chega o período reprodutivo, o bando se desfaz e os adultos formam os casais. Tanto os casais mais antigos quanto os mais recentes separam-se do bando para trocarem caricias e cuidar um do outro, limpando a plumagem e alisando as penas. Durante o período reprodutivo a macho freqüentemente se encarrega de alimentar a fêmea. Na natureza costumam nidificar em cavidades (buracos) nas encostas de um barrando, paredão de rochas escarpadas ou arvores com pelo menos 20 metros de altura. Sendo que o mesmo orifício pode ser utilizado por anos. A fêmea põe de 2 a 3 ovos sobre lascas de madeira, que serão chocados durante 4 a 5 semanas. Neste período de incubação é o macho que se encarrega de alimentar à fêmea, trazendo o alimento em seu papo e regurgitando quando chega ao ninho.
Os filhotes nascem
completamente sem penas, aparecendo-as somente após a quarta semana,
ficando todo emplumado só por volta da décima semana. Permanecem no
ninho entre 3 e 4 meses, sendo alimentados várias vezes ao dia com uma
papa vegetal pré-digerida que é regurgitada pelos pais. Mesmo após
abandonarem o ninho, continuam sendo alimentados pelos pais por algum
tempo, até serem capazes de encontrar seu próprio alimento sozinho.
Quanto às penas da cauda e asas, estas só irão atingir o seu
comprimento máximo quando tornam-se adultos. Sem
líder, sem lutas
Entre as araras são raras a lutas, os bandos muitas vezes acabam
se juntando por causa de uma mesma arvore com frutos carnosos e macios,
sendo freqüente avistar araras de espécies diferentes em um mesmo
local, não ocorrendo brigas por território. Esse tipo de convivência
provavelmente esta associada às florestas tropicais onde existe a abundância de alimento, portanto, qualquer rivalidade seria supérflua. Num
bando são encontrados os membros da família, dormem juntas e trocando
pequenas bicadas antes de dormir, mas nada muito sério. Com o bico
realizam a limpeza recíproca, um ritual que tem como função reforçar
os laços familiares e conservar os vínculos conjugais, mesmo após o período
reprodutivo. No caso dos papagaios, os jovens dão lugar aos mais velhos na
hora de refeição. A explicação biológica para tal relação é que as
aves mais velhas estão mais aptas para a reprodução, sendo assim
privilegiadas, pois os mais jovens ainda devem se preparar tal fase. Outros Psitacídeos
Além das araras, também não menos famosos no mundo e muito
traficados há anos e anos no Brasil, são os papagaios, de plumagem
predominantemente verde e com outras diversas cores em conjunto, estão
distribuídas em 26 espécies por florestas continentais, sendo 9 destas
vivendo em ilhas Caribenhas. No Rancho do Gnomos predominam de longe as
apreensões das espécies Amazona aestiva (Papagaio-verdadeiro)
e Amazona amazonica (Papagaio-de-asa-cor-de-laranja).
Além dos psitacídeos do Novo Mundo mais conhecidos como as araras
e papagaios, estão em maior número com cerca 70 espécies no Brasil, os
popularmente chamados: periquitos, maritacas, tiribas e jandaias. Com
algumas espécies vivendo em florestas tropicais, semitropicais e áreas
abertas com árvores esparsas, ocorrendo também em ecossistemas de cerrado
e caatinga. Em seus diversos recintos, o Rancho dos Gnomos possui diversas
espécies de psitacídeos de pequeno porte, como a tiriba
(Pyrrhura frontalis) habitando áreas de mata atlântica, o periquitão-maracanã
(Aratinga leucophthalmus)
habitando áreas de cerrado, cerradão e matas, e a jandaia
(Aratinga aurea) habitando áreas
de cerrado, todas vivendo em bandos com mais de 10 indivíduos na
natureza. Em recente apreensão, recebemos mais uma espécie de psitacídeo
de pequeno porte, mas este é típico das regiões de caatinga, o mais
novo morador é uma Aratinga
cactorum. Psitacídeos
das neves
Apesar de araras e papagaios estarem associados às florestas ainda
inexploradas e selvagens, lembrando o clima quente e úmido nas regiões
tropicais, existem espécies que vivem em ambientes frios, em regiões de
600 a 2.000 m de altitude, chamadas de nestor-notável
ou kéa (Nestor notabilis), e ocorrendo nas montanhas da Nova Zelândia. Nos Alpes
australianos também vivem duas espécies adaptadas ao frio, sem
nome popular para o nosso português, mas denominado pelos biólogos de Platycercus
elegans e a cacatua-gang-gang
(Callocephalon fimbriatum). São alguns casos atípicos da natureza. O
tráfico
Por serem demasiadamente traficados, os psitacídeos estão
servidos de leis protecionistas em todo o mundo. Na Itália, por exemplo,
existem funcionários governamentais da guarda-florestal treinados nos
grandes aeroportos, devido à existência hoje de uma das mais importantes
sedes de distribuição de tráfico clandestino. Nos aeroportos
internacionais da França também trabalham profissionais especializados
na identificação das numerosas espécies de psitacídeos, sendo
equipadas com um banco de dados que possibilita identificar quais espécies
estão protegidas.
Em 1982 foram exportadas pelo Brasil mil
araras-azuis, sendo que hoje temos esta espécie na lista de animais ameaçados
de extinção do IBAMA, e que os Estados Unidos importam por ano cerca de
10 mil papagaios, destruindo direta ou indiretamente milhares de aves. Imaginem quantas outras aves acabaram morrendo no momento da captura, ou
nas várias etapas do transporte, e/ou ainda na espera das alfândegas
para que tamanha quantidade chegasse viva ao seu destino? Não tente
responder, mas pense como pode ainda sair tantas aves todos os anos das
nossas florestas brasileiras? Sem falar nas constantes queimadas e
desmatamentos que estamos cansados de ver nos noticiários. E ainda assim
o pouco que vai sobrevivendo no que restou mostra-se surpreendentemente
forte o suficiente para recuperar a população, ou seja, bastamos deixar
de destruir a natureza por algum tempo e esta com certeza irá se
recuperar. Porém, existe um limite para o qual a catástrofe torna-se
irreversível. Estamos falando principalmente das espécies mais sensíveis.
Mesmo que tenham restado alguns poucos sobreviventes, estes, por motivos
biológicos e ecológicos, já estarão destinados a um triste fim.
Enquanto se lê estas linhas, algumas populações ou mesmo a espécie,
acabam por entrar neste limiar sem volta, ainda que por insistência
nossa, aventurando-se nas entranhas da mata e avistemos um ou outro a nossa
frente, em pouco tempo estarão extintos.
Desde as colonizações no mundo, vemos o desaparecimento das espécies
que há muito tempo já habitavam o planeta, sejam por motivos de doenças
antes inexistente na região, espécies exóticas invasoras, caça e agora
por colecionadores clandestinos e particulares que se dizem amantes dos
bichos e da natureza. Para uma ação mais energética, uma das medidas
seria aumentar os trechos de habitat
natural de cada espécie, juntamente com o aumento
no contingente de funcionários capacitados com estrutura e
equipamentos para atuar frente a todas as fases do tráfico, desde a
captura, transporte e venda. Caso tais medidas protecionistas não forem
adotadas em conjunto com uma maciça fiscalização nas fronteiras
internacionais e aeroportos, junto a campanhas alertando do crime, em
pouco tempo teremos uma lista ainda maior de espécies ameaçadas e até
extintas no mundo. Zoonoses
As zoonoses são doenças transmitidas ao homem que acometem tanto
os animais quanto aos seres humanos. As principais zoonoses transmitidas
por psitacídeos são: 1-
Clamidiose (Psitacose ou Ornitose)
A clamidiose é uma patogenia, que atinge cerca de 15% das aves
de estimação, sendo causada por um parasita intracelular obrigatório. A
manifestação varia de subclínica a fatal. A doença é contagiosa,
sendo transmitida ao homem pela inalação de partículas de excrementos
secos das aves infectadas, disseminada com a poeira. Os sintomas no homem
são: febre, cefaléia, mialgia e pneumonia de leve a grave, podendo levar
a morte. 2-
Salmonelose A salmonelose é outra importante doença que se deve tomar cuidado, transmitida por contado direto com o animal juntamente com a falta de higiene. Os sintomas no homem são; enterite, febre tifóide e septicemia a qual pode resultar em uma meningite, osteomielite, entre outras. 3-
Aspergilose Doença infecciosa causada através da inalação de esporos produzidos por fungo, podendo provocar de uma simples pneumonia a uma broncopneumonia necrosante.
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